DOMÍNIO PÚBLICO
O que escrevo é tão meu que, enfim, sou eu,
Pois, depois de bulir dentro de mim,
Letra a letra traduz-me em não e sim
Cada gesto que alhures se perdeu.
Meu verso, todavia, não é meu.
Não só, ao menos, quando um outro fim
Pretende quem me achando bom ou ruim,
Se põe inteiro em tudo o que me leu.
O que o poeta escreve é de quem o lê.
Seja para encantar a namorada;
Seja para a existência dar porquê.
Assim, nunca é em vão a hora passada
De quem ao ler uns versos tem tesouros,
Visto ao coração letras e não ouros.
Betim - 08 11 2008
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.