Crónicas : 

A NOVA GERAÇÃO

 




É o estarmos sozinhos sem interesses perante nada, onde a desmotivação é grande e as pessoas não encontram correspondência com a sua maneira de ser, por timidez ou outros factores, bem gravados na memória e na carne até, que faz com que se recorra às drogas e ao álcool, como ponto de estimulação e a aparência sofrida de se fazer parte de uma comunidade.
Claro que tudo isso é efémero e a procura cada vez mais constante, devido à habituação do organismo. Então deixamos bem depressa de fazermos parte de uma comunidade, para nos incluirmos em grupos elitistas, onde impera o silêncio e o medo. É descabido daqui alguém sair com vida, a não ser que os seus familiares tenham casas bem longe da ocorrência, do dia a dia do toxicómano.
Também eu tive de viajar para o Norte do país (eu resido na Capital, Centro portanto), afim de fugir dos tubarões, para quem eu vendia droga e fui acumulando dividas enormes.
Mas tudo isso é um escape. Claro que, devido ao que relato acima, foi necessário, com promessas de morte, mas depois regressei sem medo e encarei tudo de cara lavada. Aos poucos fui pagando minhas dívidas, através do meu trabalho, e findo tudo isto, recomecei uma nova vida, com novos amigos, novos costumes, novos pontos de encontro e de diversão.
Eu sou pró maconha, pois esta é até benéfica para algumas doenças, está provado pelos médicos e é uma droga bem ao jeito do tabaco, desde que não se abuse ou misture com outras drogas ou álcool, claro está. Aos poucos essas pessoas vão-se desabituando e até deixam de fumar cigarros, empenhados que estão com sua nova vida. Agora o que se vê são esses ex toxicómanos a terem de carregarem com rótulos, onde arranjar um trabalho é muito difícil, principalmente num meio pequeno como o meu. Devem portanto criar-se centros de apoio, que já os há, mas em minoria, onde essas pessoas podem recorrer, conviver com outros, que, como eles passaram pelo mesmo (e isso é importante para a motivação, não nos sentirmos sozinhos), e aprender uma profissão. Costumo dizer que não há toxicómano desabilitado ou menos capaz, seja para o que for, bem pelo contrário, são ágeis e tem grande sensibilidade para as artes e para se motivarem, diria que é uma classe privilegiada, que esteve amarrada porque não encontrou ponto de arranque, na sua juventude, para desenvolver seus imensos dons, de grande sabedoria.
Dêem-lhes os livros e o martelo e uma nova sociedade prosperará. E não tem essa de morarmos junto a pontos de encontro, só lá volta quem quer , agora que estabilizaram suas vidas, e criaram família. Há muitos outros grupos grátis onde devemos de ir pelo menos 3 vezes por semana, que são ao Alcoólicos Anónimos e os Narcóticos Anónimos, onde durante cerca de 3 horas, a pessoa pode falar de sua vida com a droga e escutar da boca de outros, vidas idênticas, assim como ir falando do seu dia a dia, do que estão a construir hoje, porque o passado já foi, e o futuro ninguém sabe, é o hoje que importa e é por ele que vamos lutar.
Os governantes têm de deitar olhos nisto que se está a criar, casas de recolhimento, porque muitas se estão a aproveitar da desgraça alheia, exigindo preços astronómicos para aceitarem estas pessoas, isto é inadmissível mas passa-se. Então que o governo aja em conformidade

Jorge Humberto
29/02/08


 
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jorgehumberto
 
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