A Formiga e a Centopeia
Por um caminho da mata
Seguia a amiga formiga
Andando numa canseira
Temendo uma zaragata.
Ao passar numa clareira
Contorceu-se-lhe a barriga,
Ficou transida de medo.
Viu enorme centopeia,
Que descansava da ceia,
No seu porte mudo e quedo.
Ao tal bicho avistar
Decide o passo estugar.
O ruído no cascalho
A centopeia desperta:
-- P`ra que hei de ter trabalho,
Podendo ter-te tão certa?
Espera lá que te apanho
Com cem patas sei que ganho!
E foi assim de abalada,
A correr, cheia de pressa,
Ia tão desatinada
Que nas cem patas tropeça
E nelas fica enredada,
Perdendo assim a corrida
Que à formiga poupa a vida.
Esta antes assustada
Fica agora descansada,
Já avista o formigueiro
Em seu labor tão ordeiro.
Sentindo-se mais segura
Para no fim do caminho;
Da outra a triste figura
Fá-la sorrir-se baixinho.
Juvenal Nunes
Esta fábula em verso é um convite a todos os leitores e colaboradores a dela inferirem a moral que contém.