Ao redor, tal melodia, os risos cativantes,
afoitos belos rostos na mesma multidão.
O penhor da tua indiferença foi tão intenso,
de repente fez em nevoa rútilos instantes;
de repente a ansiedade explodiu no coração,
de terno amor tomado, entusiasta imenso.
Ninguém escolhe a quem amar pela vontade,
a fria razão também pode preterir a escolha,
desenha-te uma missão, imbuída de temores.
Parecia tua alma ter-se permeado na piedade,
- afinal, a ti restaria o desejo débil da folha,
contrariando o vento, desafiando os humores.
Assomaram logo os gritos da indiferença
- e olhas como fossem outros os teus olhos,
vês semblantes fechados, brados na multidão.
Súbito vi a maldade da alma abater a crença,
a nau a pique, o desamor, pontiagudos abrolhos,
e nós... indiferentes... cada qual buscando a razão.