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CALMARIA

 
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CALMARIA

Pássaros passarão em nuvens brandas;
Em nuvens (ou em bandos...) pelo porto.
Alguém diz: “Pandas asas, velas pandas”...
A ver navios e aves quedo absorto.

Não parte o meu navio; ando a seguir
Por este cais ruidoso já sem pressa.
Esperar é o mesmo que existir.
Meu olhar todo o oceano ora atravessa.

Receios de partir; ânsias de chegar,
O coração se agita sem razão.
De novo os olhos pousam sobre o mar
E o que veem é de novo imensidão.

Pois se sucederão, dia após dia,
Manhãs em tudo idênticas já a esta:
Pássaros passarão sem alegria...
Navios abrirão velas sem festa...

Futuro é o presente repetido
Somente à espera da hora da partida.
A vida passa sem jamais ter sido
A promessa d’amor outrora ouvida.

E ainda que bons ventos me levem,
Pássaros passarão... (Ai, que quimera!...)
As velas, como a vida, mal se atrevem
Sempre à espera da espera d’outra espera.

Vitória – 05 11 2009


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
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Publicado: 27/10/2016 01:41  Atualizado: 27/10/2016 01:41
 Re: CALMARIA
*Olá Ricardo, Poeta maiúsculo!
Estive meio reclusa...volto e bebo dessa nascente purissima de POESIA que vem de ti...e confesso...deleito-me.
Abraçoka* de fã