FIM
Fim, estarão os dias esgotados para mim?
Os sonhos que deixo entre manhãs de primavera
No brilho dos poemas que nunca escrevi
Que entre muitas tardes desfiava como rosários.
Enquanto, só, entre as arvores e os rochedos caminhava.
Poucos lerão tamanhos escritos
Nestes poucos dias que me restam.
Canetas essas, guardam meus segredos.
Sem dar à palavra qualquer repouso.
Sabia que o outono regressaria
Como escravo ocioso e obediente.
E desta manta de retalhos, entre folhas secas,
Páginas em branco de uma ilusória aurora
Escritos raros. Quantas coisas!
Versos de um ser faminto de palavra.
Cego, com sentidos,
Ecoam nos poemas as vozes do medo,
Um eco de fim sem retorno.
João Garcez, 23/10/2016