Prosas Poéticas : 

Serenata Serpente

 
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A madrugada apareceu resplandecente.
A neblina, fria, esgueirava-se pelas estradas nuas, belas.
A luz, vaga, iluminava a terra.

A serpente Branca, esfaimada, via quantas ratazanas circulavam entre as acácias e a lura que sabia haver ali.
Já marchava uma. Pensava.

Ratazana, animal vivaz, passeava em fila indiana as amigas. Vistas as casas, a seguir a um dejejum de partes de baguete, iam de barriga cheia para a caminha.

Furtiva, a serpente, num ataque breve,
disse:
Minha és!


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
Semente
Publicado: 01/06/2017 11:38  Atualizado: 01/06/2017 11:39
Membro de honra
Usuário desde: 29/08/2009
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Mensagens: 8560
 Re: Serenata Serpente/ PARA ROGÉRIO BEÇA
Um poema sinalizador de caminhos para a leitura: posso seguir pelo da metáfora que sinaliza a condição humana, tanto quanto pelas vias da natureza observando a lei do mais forte e mais arguto na seleção das espécies.. Ou talvez, nenhum deles.
Mas, penso que a um poeta inteligente, não bastaria o simplismo da narrativa...
Seja como for, gostei da atuação da serpente, porque tenho ojeriza por ratazanas, da mesma forma que por seres humanos escrotas que na calada da noite, roubam do patrimônio de todos !
Amei seu poema Rogério Beça, pelos aspectos consistentes e marcantes de sua poética.

Abraços !