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Eu sou eu mesmo.
Eu não sou o outro.
Eu sou eu.
O outro é o outro.
Eu, do latim ego,
pronome pessoal
primeira pessoa do singular,
indica a pessoa que fala.
No caso eu que vos falo,
Quero dizer, que escrevo,
É também o sujeito pensante,
“Penso logo existo”.
E sendo eu, eu mesmo,
O outro não pode ser eu,
Apenas eu posso ser eu mesmo,
Ninguém mais, só eu.
Aonde quero chegar com isto,
Com esta obviedade toda,
Com esta conversa de que eu não posso ser outro,
E de que o outro não pode ser eu?
Eu sei quem sou,
Sei interagir comigo mesmo,
E outro, saberia ser eu?
Duvido!
E se fosse possível,
Se eu pudesse,
só por um instante, ser outro,
como seria?
Seria uma situação deveras interessante,
Desconcertante eu diria,
De uma hora para outra,
Como num passe de mágica, ser outro.
O outro por outro lado,
Será que gostaria de ser eu?
Eu já estou cansado
de ser eu mesmo.
Porque o outro não é o mesmo,
É diferente, diverso,
Imediato, seguinte...
É, para efeito prático, o outro.
Pensando bem,
Este outro poderia ser você,
Você não é eu,
Eu não sou você.
Você é você,
Segunda pessoa do singular,
Mas com as flexões verbais
E formas predominais de terceira.
Porque até agora você leu e achou graça,
Fez pouco caso do texto,
Mas mudou quando leu
que poderia ser o outro..
Se eu sou eu,
Você é você,
E nós não somos o outro,
Quem afinal é o outro?
O outro só pode ser Ele,
Pronome pessoal,
Terceira pessoa do singular
Do caso reto.
Mas se ele não quiser ser o outro,
Nem você,
E nem eu,
Quem será?
Eu queria ser o outro,
Achei que você ou ele poderiam sê-lo,
O outro já e o outro,
Não há de querer ser outro que não ele mesmo.
Cabe então a Mim,
Forma obliqua do Eu,
Resolver esta questão
cabeluda do outro.
A Idéia no começo pareceu absurda,
Complexa e irrealizável
Não toda é claro,
Mas que era absurda, isto era.
Você ainda é você,
Ele, que não quis ser o outro,
Permanece sendo ele mesmo,
Eu ainda sou eu mesmo.