Não gosto muito
Do tempo que me traz Saudades
Nem da estrada que não me leva
a lugar nenhum
Nem da lua que me deixa no escuro
Não gosto muito
Dos livros que não li
Nem de flores e bocas que não beijei
Menos das estradas que não caminhei
Nem dos sonos e sonhos que não dormi
Não gosto muito
Das orações que não fiz
E dos milagres que não recebi
Nem da saudade que sinto de quem nunca vi
E a última imagem da trinca do espelho
Pendurado na parede imaginária que não construí.
Não gosto muito
Gosto muito
Muito
Não.
José Veríssimo