Sou um pássaro ferido
num voo de asa quebrada
sou um filho esquecido
numa casa abandonada.
Sou andorinha sem ninho
que se perdeu da Primavera
passageiro sem destino
que da Vida nada espera.
Ai de mim que estendo a mão
numa agonia profunda
ao embalar a solidão
num barco que se inunda.
E o que fica não sou eu
nem tampouco o que escrevi
fica a dor que Deus me deu
do que sonhei e não vivi.
Ricardo Maria Louro
Ricardo Maria Louro