O tempo foi futuro. Trocou os sobretudos velhos cinzentos, negros, por outros coloridos, vermelhos e verdes. Novos.
Com o credo excelso, privou-se de pensamentos e sentiu-se completo, puro.
O hoje terminou cedo. Ontem.
O segundo, perdido, correu em todos os sentidos. Directos e indirectos.
Pés botos velozes, no terreno pedregoso.
E o fresco sempre presente, doído. Perto.
Ofendido de modo profuso com os deuses de outros, rogou golpe profundo:
Fim!
Disse, num grito pungente.
Sorriu, por último.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.