O início do 3º Milênio veio com turbulências insuspeitáveis na área do ensino, trazendo surpresas de toda ordem, junto com o advento tecnológico aliado ao processo de inclusão.
Primeiro, veio a euforia e o deslumbramento, pois a nova era dos computadores, iria transformar - por si só -, todo o processo de ensino-aprendizagem.
Não demorou muito, pode-se perceber que o computador, no âmbito escolar, não consegue apresentar todo o brilho e iluminação que lhe queriam dar.
Muito mais do que laboratórios de informática bem aparelhados, é preciso que o fator humano - professores e monitores - saibam fazer uso técnico e pedagógico dessa delicada tecnologia.
Além disso - como professora de informática - pude conferir na prática, que o computador não tem vida "estável", ou seja, não funciona o tempo todo a contento do ensino-aprendizagem. Apresenta falhas ora técnicas, ou interferências de toda ordem, que prejudicam o bom andamento do uso pedagógico.
Muitas escolas, aparelhadas com laboratórios de informática, utilizam os computadores, enquanto eles funcionam, sendo que, muitas vezes, falta um técnico especializado, ou ele somente aparece de tempos em tempos, para consertos nos computadores. Dessa forma, o uso dessa tecnologia na alfabetização, fica no sonho, e o laboratório vai se transformando em um simples depósito de máquinas já obsoletas ou inúteis, também pelo motivo, que as secretarias não têm como enfrentar despesas enormes com computadores sempre estragados.
Nessa questão, o quadro geral do País mostra uma situação muito original e até certo ponto, incômoda: algumas escolas possuem laboratórios de informática funcionando até certo tempo, (o tempo de duração de um projeto?), outras usam o computador somente para digitação (que é o que resta fazer), enquanto que pouquíssimas escolas têm acesso à internet, mesmo contra todas as propagandas otimistas que são propaladas em relação à tecnologia na Educação.
A que fatores podemos relacionar esses contrastes gritantes? Vontade dos diretores de escola? Secretarias de Educação? Governo? Empresas?????? Tudo parece muito relativo, quando sabemos que interesses de toda ordem agem, em torno do mundo da Educação.
Já o processo de inclusão nas escolas, está gerando alguns sucessos e polêmicas de toda ordem. Os fatores que impedem uma inclusão mais "humana", já foram citados anteriormente (n o primeiro artigo desta série de 3), mas vale a pena repeti-los: faltam professores qualificados, as classes das escolas têm um número muito elevado de alunos, o que impede que o professor atenda bem tanto os alunos mais adiantados, como os inclusivos, a estrutura física e pedagógica pede adaptações urgentes para um atendimento social digno, etc. etc.
Esses, e outros fatores refletem toda uma gama de mudanças pelas quais estão passando a escola e a Educação atuais. São desafios totalmente novos, propostos por pessoas que sonham com a evolução humana dentro dos parâmetros modernos, dentro de uma nova visão - sempre "humanista" - visando um futuro onde o indivíduo sinta-se vivendo no seu tempo, na sua época, aproveitando os recursos que o conhecimento dispõe para melhorar sempre mais, a vida humana na Terra.
Porém, não digamos que a escola está obsoleta. Não digamos que o professor não sabe mais ensinar. Digamos, sim, que a Educação está em tempo de mudanças. E, para chegarmos até um futuro pleno de satisfação - também no âmbito da Educação - lembremos que o PRESENTE nos apresenta um quadro de lutas, de conquistas e de adaptações a uma espécie de progresso quase que galopante, que a tecnologia trouxe ao mundo e aos seres humanos dessa época.
(...continua)
Saleti Hartmann
Professora/Pedagoga
Cândido Godói-RS