Vou beber da tua boca
ai amor que timidez
e que loucura tão louca
saber que a vida é tão pouca
para te amar outra vez.
Vou beber do teu silêncio
vou bebe-lo à tua voz
e que verdade tão pura
acreditar na loucura
d'um dia a menos tão só.
Meu amor dos olhos negros
que te afastas como a sorte
leva a tristeza que tenho
que trago em mim e sustenho
tal qual o medo da morte.
E levo aos ombros um tormento
que me arrasta pelo chão
não ter outro pensamento
não ser mais que este lamento
que dá meu corpo à solidão.
Ai amor o meu olhar
tão longe do teu porto
passa a vida a procurar
e quantas horas a chorar
só pensando no teu rosto.
Há tantas dores naufragadas
que ninguém pode aconchegar
tantas lágrimas cansadas
tanta gente abandonada
que está no fundo do mar.
Ricardo Maria Louro
Ricardo Maria Louro