Um pintor pôs numa tela
um lamento por adorno
fez do mar uma aguarela
na pressa de ter retorno.
Um poeta pôs nos versos
a saudade endiabrada
mas o mar secou-lhe os beijos
no frio da madrugada.
Um fadista pôs no canto
a mentira de um amor
mas na voz ficou-lhe o pranto
que fica depois da dor.
Como as ondas que se enrolam
do mar alto até à margem
minhas dores já não pesam
são no mar uma miragem.
Ricardo Maria Louro
Ricardo Maria Louro