Gosto de saber porque ainda acordo,
Se adormeço sem pressa de acordar...
Talvez por ontem ter sido sexta e amanhã não saber que dia é,
Alegra-me as noites que não dormi
E o grito que se passeia dentro do labirinto onde moro
Aqui ninguém está em silêncio,
Habitam no eco de fora para dentro
Sempre dentro longe do nada que se encontra lá fora,
Gosto de saber que se o amanhã não chegar
Tu me dirás;
Porque acordei hoje,
Ainda assim quero que me sirvam o pequeno-almoço,
Sim, o habitual;
Meia torrada e uma folha de papel vegetal,
Gosto de me sentir hipocritamente humana
Mastigar a fome que não sinto
E masturbar-me com as manchetes dos jornais
Conceição Bernardino