Quando se deu o advento da era tecnológica, houve como que um choque entre tempo, espaço e ação. O aparato tecnológico trouxe consigo grandes promessas, principalmente com a inclusão da tecnologia na educação, através dos laboratórios de informática, que se instalariam em todas as escolas, substituindo, num passe de mágica, o antigo modo de dar aulas, por um aparato digital, colocando de lado até a forma de escrita tradicional, juntamente com cadernos, giz e quadro-negro.
Diante deste mundo de grandes promessas, houve reações iniciais de toda ordem. De um lado, grupos de indivíduos e empresas queriam fazer acontecer logo todas as novidades tecnológicas, enquanto, de outro lado, indivíduos e grupos mais tradicionais pediam cautela no uso desenfreado das novas tecnologias em sala de aula.
Com uma parte do caminho já experimentada, a realidade aponta que, também no âmbito tecnológico, não se vai "nem tanto ao céu, nem tanto à terra".
Em algumas escolas brasileiras, - poucas, comparadas com a totalidade delas - foram instalados laboratórios completos de informática, e distribuídos notebooks e tablets à grande maioria dos alunos, com pleno acesso à internet. Penso, hoje, se isso não foi só propaganda dos recursos tecnológicos, pois, outras tantas escolas, possuem, podemos dizer, meio laboratório de informática, somente aparelhados com computadores e sem nenhum acesso à internet.
Enquanto isso, uma grande parte das escolas do nosso imenso território, ainda precisa consertar seus quadros-negros, e pouquíssimas possuem computadores com internet nas salas da direção e dos professores.
Portanto, podemos perceber que o grande salto tecnológico, realmente, ainda precisa ser dado, talvez não de maneira a substituir completamente o atual modo de ensinar, mas sim de maneira a proporcionar às crianças e aos jovens deste tempo, o acesso regular às grandes invenções que fazem parte da época moderna.
Assim como ter a posse plena da tecnologia nas escolas, (e se afastar da realidade quase rústica vivida no mesmo país), o erro maior reside na exclusão total de grande parte de crianças e jovens, que acabarão empobrecendo culturalmente, ao serem expulsos de tudo o que a maravilhosa mente humana soube capaz de produzir, hoje e para hoje.
Da maneira como as novas invenções avançam no mercado, em pouco tempo, parte do conhecimento tecnológico vai ficando obsoleto. sem que muitos jovens e crianças saibam que um determinado tipo de aparelho tivesse, um dia, existido.
Desta forma, "nem tanto ao céu, nem tanto à terra", não cometamos o crime de aparelhar demais algumas escolas no âmbito tecnológico, e deixar outras simplesmente estagnadas a respeito do conhecimento digital.
Saleti Hartmann
Professora/Pedagoga e Poetisa
Cândido Godói-RS