Colho sempre um pouco de nada,
O mar silencioso que canta a Sul
Entre pássaros de alado caminhar
Vento esquecido de algo e de tudo
Solidão mortal, só, mal afamada
Pinceladas no céu em tons de azul
Por mão velha, sôfrego acarinhar
Neste mundo cego, de ar mudo
Contrabandeio sentimentos
Desses, com e sem alma
Agrilhoados em gaiolas
Sem direito de liberdade
Dessa, ganha por momentos
Que louca me pede calma
E entre amor e esmolas
Quer ser gente de verdade
Semeio pequenas dúvidas
Que por anos se despem,
Se arrastam em mim
Gastas e enrugadas
Maltratadas por dívidas
Que este corpo espremem
De alto a baixo até ao fim
Em vão olhar, choradas
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma