Canga do tempo
Com a canga de madeira os bois carregam
A carga no velho carro em seu vai e vem
Com a canga do meu destino carrego a vida
E a vida carrega as dores que o mundo tem
As dores vêm de meus sonhos despedaçados
Estrada esburacada que em mim ficou
Por onde puxei meu carro de amor desfeito
Até que a canga do tempo me calejou
Todos têm a sua canga, mas não a vemos
Puxando a pesada carga da solidão
Até que o carro da vida um dia para
No lamaçal sem saída do coração
Canga de madeira forte foi desgastando
Pelas estradas batidas desses sertões
A canga do meu destino é bem mais dura
Porque foi feita por muitas ingratidões
Sobras de amores ficaram pelos barrancos
Recordações se perderam nos areões
Ficou o pó da saudade no cabeçalho
E o choro das minhas mágoas pelos cocões
Todos têm a sua canga, mas não a vemos
Puxando a pesada carga da solidão
Até que o carro da vida um dia para
No lamaçal sem saída do coração.
Letra – José Fortuna/Paraíso
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