Num sol danado de aturar
Rasgo a terra e semeio a cana
Tem pouco tempo pra brotar
Tem pouca chuva pra molhar
Do velho carro de boi vem o lamento
Do olho do boi vem a lágrima
Do patrão vem a tristeza
Do chão a poeira
Dos céus nada vem
Deus se esqueceu desse povo
Norte de Minas, Norte de mim
Perdido em Salinas, Araçuaí
Qualquer moenda me faz cana, moendo
As tardes me calam em poeira, amando
Os amantes se embriagam , se rasgam
Se amam além do bem, depois da noite
Lamento em tarde fria, distante do berço, dói
Sei lá de que lado, no peito de deixar viver
Na montanha de olhos verdes a nos vigiar
Chegando em Pedra azul, voltando pra Minas
José Veríssimo