Fui máquina a vapor em viagem
Puxei carruagens com sucesso
agora, que findam as paragens
falta carvão, não há regresso
Viajei (in)tranquilo, tal comboio "parador"
Parei em apeadeiros d'amor e d'amizade
mas já não paro neles, é verdade
gasto apenas um resto de vapor!
Já não ouço apaixonadamente
o "pouca terra, pouco chão"
nem sinto o leve balançar
Tomara que na linha, lá p'ra frente
haja algum prazer e paixão
andar devagar sim, mas ainda a apitar
Não sou poeta mas, quem sabe, um dia escreverei
um texto que (pela persistência e sorte) possa ser lido como poema