Poemas : 

O retornado

 
Open in new window

Das terras d’ouro, vim
Embrulhado no cetim
E trago n’alma, a repulsa
De quem fora expulsa

Das férteis terras do café,
Trago na bagagem, a fé,
Que um dia partirei de Santarém
E deixarei pra trás o meu desdém

Ó minha terra querida!
Quanto te chorei na partida!
Deixando-te pra trás a cada passo dado
No teu extenso ventre a mim vedado

Ó minha África querida!
Hei-de voltar a tua mata cerrada
Provar maruvo das loiras palmeiras,
À sombra amistosa das goiabeiras

Adelino Gomes-nhaca


Adelino Gomes

 
Autor
Upanhaca
Autor
 
Texto
Data
Leituras
759
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
18 pontos
4
3
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/09/2016 12:28  Atualizado: 10/09/2016 12:28
 Re: O retornado
Para a cas ao bom filho volta, saudade que se faz presente naquele momentos ausentes.


Enviado por Tópico
Eureka
Publicado: 11/09/2016 10:25  Atualizado: 11/09/2016 10:25
Membro de honra
Usuário desde: 01/10/2011
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4297
 Re: O retornado
Bom dia Adelino,

Um sonho desfeito, uma vida linda que ficou interrompida, deixar essa terra tão boa, onde muitos nasceram como portugueses de Portugal, e que se viram obrigados a deixar por força do crime - esse que deu pelo nome ignóbil de " Repatriamento" - quando, na verdade nem tinham conhecido o lugar para onde os "retornaram".
Foi um ponto da História de Portugal e dos países denominados commumente por lusófonos ou das "antigas colónias" muito infeliz e feio.

Mas o poema que trazes, é belo na sua construção e no seu teor equlibradamente versado, numa queixa legítima, como tantas outras que eu conheço, e que choram a lembrança de sua verdadeira pátria e anseiam por voltar aos lugares maravilhosos onde nasceram e cresceram ainda na jovem infância.

Parabéns amigo, gosti muitissímo deste poema

Um abraço
Eureka