Há gente que nasce do frio
como a bruma ensanguentada,
triste, só, dilacerada
sobre as águas do Rio.
Gente que nasce do nada
como as ondas do mar
como o vento ao tocar
numa casa abandonada.
Gente que nasce a chorar
como as aves dos Céus
como os olhos de Deus
cansados de esperar.
Gente que nasce perdida
como alguém que ao morrer
não consegue esconder
quanto dói a despedida.
Quando se vive e não sentiu
que a dor nos dá força,
o destino baloiça
e mata gente de frio.
Ricardo Maria Louro
Ricardo Maria Louro