Amo tudo que me ensinaste,
como à uma menininha indefesa
aprendendo a realizar a proeza
- extasiada num mar de cor e contraste,
de viver e valer-se sozinha,
sem cores no meio da noite mesquinha.
Achando que romperias o torpor impávido,
enganei-me quando recusei-te os beijos,
ganindo sons de inconfessáveis desejos,
tua boca em busca do meu corpo ávido.
Ainda sinto nos ombros tua respiração
enquanto oferecia-te os seios à mão.
Sinto o abismo abaixo de nós aberto,
sonho que não me canso do teu amor
nesta sede da tentação, neste ardor;
quero-o mas não posso e desperto.
Compreender um querer insano, longe sequer,
do entendimento desse modo como diz que me quer.
Mire-me num espelho de visada,
perceba se há semelhança
entre a realidade e o que tua alma afiança,
mas, silencie-te, não faças nada!
Acredito ainda nas cores do amor à beira deste abismo,
confiante mesmo quando em silêncio choro e cismo.