A areia que corrói os passos
da infeliz que sonhara
alcançar belos dias em que descalça
cruzara lagos e relvas
encharcada de alegrias e melodias afinadas.
Sujos sentem nesta hora
o enrijecer da pele encrespada
pelo sangue que mistura-se aos
quentes grãos que retardam qualquer chegada.
Águas olhadas nem servem como frescor
pois que o sal nelas contido
só fazem aumentar qualquer indício de dor.
Nem pode sentar-se ao caminho
pois que o calor avisaria
aos corvos que logo jazerás
uma carniça para seu ninho.
Segue, então,
em pleno ritual,
à espera de que a Lua
a transporte finalmente dali
levando-a à sua cova imortal.
Poema de Della Coelho