Poemas : 

De Novo

 
Há tempo não a ouvia,
mas, eis que de novo, a lúgubre cotovia
grita a dor dos homens traídos
e a dos sonhos não amanhecidos.
De novo, o histérico riso das dementes
contrapõe-se ao silêncio das ausentes.
De novo, a solidão dos corpos apartados
e a angústia dos voos hesitantes.
De novo, o exílio do mar distante
e a impressão de que o amor eterno
durou apenas um instante.


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Blog - Versos Reversos

 
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FabioVillela
 
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 04/09/2016 06:13  Atualizado: 04/09/2016 06:13
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2123
 Re: De Novo
Permita-me...
A ambiguidade da palavra instante prende-me neste poema.
O instante é designio de espaço de tempo curto.
Mas tudo é subjectivo.
O tempo médio de vida de vários insectos é um verão. Eles olharão para um dia com 24 horas duma forma muito diferente da nossa.
O nosso planeta segundo os cientistas é jovem, tem contudo cerca de 4,56 mil milhões de anos.

Mas o tempo subjectivo sempre me foi querido e incómodo.

O amor eterno, tal como a eternidade é uma magnífica ilusão. O ideal é que, mais do que, seja longo, até ao limite desse "instante".

Gostei do ambiente soturno do poema, do canto da ave, do grito das dementes, levemente gótico,
mas sobretudo, triste.

Abraço.

Enviado por Tópico
Juvenal Nunes
Publicado: 04/09/2016 10:16  Atualizado: 04/09/2016 10:16
Membro de honra
Usuário desde: 28/07/2013
Localidade: Douro Litoral
Mensagens: 540
 Re: De Novo
O amor traz também abandono e dor, para escarmento da alma caminhante.

Juvenal Nunes