Hoje digo dos sonhos a laminar os olhos
no entroncamento solitário do tempo
pássaros debitando fonemas
nas asas abertas ao vento
Hoje rascunho teclas, famintas dos dedos
esboçando sois silenciosos na abertura sonâmbula
dos pensamentos
È na dádiva de estar vivo que continuo caminhando por estre as brumas da alvorada, mesmo sem ti.
É no silêncio da tua voz que tenho a certeza que a vida fica-se por aqui nos braços vazios e nas mãos que dependuram os beijos sonâmbulos, permanecentes no cansaço das noites quentes de verão
As horas deslizam rapidamente, muito rapidamente paralelas ao meu querer.
Os desejos penduram-se fixos no parapeito dos olhos, ainda embaciados, com se os pingos das chuvas outonais reacendessem a luz rosácea da fantasia…faminta
Os dias transformam-se em esqueletos mirabolantes, manipulados pelo circo etéreo da vida, onde os papéis deslizam-se em monólogos silenciosos e nus, e onde a realidade aprisiona a cadência libertina do olhar e o gemido constante do silêncio escondido, nas asas rebeldes do poema
Hoje o pensamento voa, para além do tempo onde permanece intacto o lado dúbio da mente cansada
Escrito 2/09/16