Vejo o tempo passar por mim,
Implacável, em seu caminhar,
Deixando sem se importar
Suas marcas, que pouco a pouco,
Mais e mais se aprofundam...
E eu fico a pensar...
Por que meu coração
Teima em permanecer
Jovem, irrequieto,
Indiferente ao tempo...?
Se me olho no espelho,
Vejo a sua passagem;
Mas, bem dentro de mim,
É como se ele tivesse parado
No esplendor da primavera,
Ou no calor gostoso do verão...
Mas muitas vezes, também,
Na solidão da minha intimidade,
Sinto que o inverno não tarda
Com seu frio enregelante...
Estremeço na base,
procuro nele não pensar
Porque me deprime a alma
E me lembra que estarei só,
Quando ele se aproximar...
Mas, como eu gostaria que estivesses
Juntinho ao meu coração...
E que os nossos corpos cansados,
Tivessem um ao outro para aquecer,
Nos últimos invernos que virão...