Palavras como seda
morna
e a dança das papoilas ao roçar do
seu vulto
iniciação de mel musicado
à volúpia dos dedos.
Hálito de chuva
deslizando poemas ínclitos sob
os meus olhos em sede de perto
de mais
e
o frémito de calor cingindo
a minha pele à descoberta
do voo e do momento
abismo de poros
subtilidade de sopro
curva de corpo
imersa intenção do profundo
e do belo.
Envelheço ainda
a garrafa fria
e o vinho suspirando
aromas demorando esperas
aos lábios de silêncio e sede
longa desse tempo
que em vão desadormeço:
e que me sabe a pouco
e que me soube a tanto
e que me soube a sempre.
E eu sempre soube:
o nosso rio
é um espelho
onde o mar nunca coube
...
porque é lá que o céu se esconde
amando as águas doces.
Teresa Teixeira