Como explicamos a corrente de um rio
com o leito de todos os afluentes?
A mistura de todas as águas associo
e as qualidades delas, tão presentes.
Esse mar em que se fazem foz,
rico em vida, peixes, algas, tridentes
de algum poseidon, neptuno sem voz,
deuses dos mitos são fortes, dementes.
Leva-nos todo o respeito pela arte
as falhas dos mais comuns dos mortais,
que nos leva a um mar de defeitos.
E a gratidão nunca fica de parte,
os defeitos fazem-nos todos iguais,
humanos. Com trejectos e jeitos...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.