Havia um coelhinho
estéril e presunçoso,
que rastejava pelo caminho
saltos? Só pelo gozo!
Muito branco, branquinho,
silvava, destraído, nervoso...
Andava sozinho
encenava, inventava esposo.
A cobra debaixo da pele
tinha olhos de puro veneno
que expele,
seja o ardor grande ou pequeno.
Andava assim pela vida
sorriso a sorriso,
enganando a sombra perdida
se tal fosse preciso.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.