Em vermelho e dourado talhou-se o sonho
O fogo do seu olhar apaixonante
Do seu peito reluzia o frescor do aconchego
E da morte
Sim, a morte
A proposição indissociável de cada amanhecer
E dessa ambiguidade funesta
O encantamento se via atormentado
Pela eminência do ciclo das paixões...
Elas se vão.
A compreensão fria e inevitável
Alimentava a pira de autodestruição da Fênix
A aceitação conformada de seu ciclo
Em brasas, ainda se colocava quieta
Para ser cinzas
Para aceitar o subjugo do tempo
A sentença cíclica do Astro Rei
Mas uma pequena guerreira
De pela branca e enluarada
Inconformada aos caprichos do Astro Rei
Insistia em não permitir que nada se apagasse
Avistava a pira
Que agonizava a fúria vermelha de asas
E viu-se encantada ao rubor voraz
Que se esvaia
Que se perdia em conformismo e combustão
Soprou seu hálito leve e singelo
Aos pés do fogo dos deuses
Alimentou a pira que consumia os vestígios
Da paixão alada...
A Fênix viu-se forte
Viu-se amada
Arrancou da pira para os céus
Em seu esvoaçar dourado
Mas encantada com o frescor da pequena guerreira
Desiste aos céus
E lança-se ardente ao peito de sua heroína
E os astros testemunham o primeiro eclipse...
"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros
Como misturar mitologia grega e folclore amazonense. Mistura entre a lenda da Fênix e da Índia Branca do Amazonas. O Sol e A Lua em um encontro intenso...