Trago um xaile sobre os ombros
que me pesa de amargura
que traz noite e solidão,
é o peso de quem somos
do cansaço e da loucura
que afecta o coração.
Minha casa não tem tectos
o que dei não torno a dar
vivo ainda entre escombros,
só o xaile dos meus afectos
me aconchega no meu lar
quando posto sobre os ombros.
Não me esqueço do passado
nem d’um rosto que partiu
quer a vida chore, ou baile.
deixo ao mundo neste fado
tanta dor e tanto frio
encobertos p’lo meu xaile.
Ricardo Maria Louro
Repertório da Fadista Maria José Duarte
Ricardo Maria Louro