Poemas : 

No debrum da saia

 
No debrum da saia
o lugar exacto, o beijo destronado
servo, joelho na terra, na gravilha-ferro
em que se isola a areia, babo a bago,
na noite do querer, perpétuo, exacerbado,
na luz que desliza – pavio d’azeite -, em fio, reticulado,
se lágrima é rio e a cortina descende e finda,
e espiralada, volatilizada, se franqueia.

[Na bainha-espada,
no aço metal,
o mistério pálido do sangue,
a peleja malquistada e a guerra
desavinda de te amar, beijando urtigas, em cada madrugada].

Rente à boca lábios adormecem tristes,
em desprecavida promessa.
A pouca distância, em peito aberto,
no seu lugar esquerdo se insinua o travo agreste
do gesto que se perde em linho, alinhavado à luz da lua cheia.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 07/03/2008 15:10  Atualizado: 07/03/2008 15:10
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: No debrum da saia
Li, reli e não sei como comentar...
Está muito bonito, gostei imenso das expressões que usaste, das metáforas, como o lado esquerdo do peito.

Beijo

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/03/2008 17:29  Atualizado: 07/03/2008 17:29
 Re: No debrum da saia
"Do gesto que se perde em linho, alinhavado à luz da lua cheia".
É nessa mesma lua que alinhavo as palavras, as minhas às tuas!
É uma dádiva preciosa poder te ler.
BJs.