Sou cadáver de um Poeta
a quem parou o coração,
sem ter nada, sem ter meta,
a caminho da solidão.
Sou cadáver de mim mesmo
sem vontade nem opção
e as palavras que escrevemos
nunca hão-de ter razão.
Porque os mortos já não dormem
os mortos já não sonham
aos cadáveres já não doem
aqueles que os não amam.
E aqui estou sem querer estar
só já vivo p'ro que der
e a quem me quer consolar
digo sempre, sou cadáver.
Ricardo Maria Louro
Ricardo Maria Louro