DESCRIÇÃO DE COCANHA
Na maravilhosa ilha de Cocanha,
Não há nenhum cuidado em se viver.
Tudo é dado; de nada tem mister
Quem fizer dos desejos artimanha.
Víveres? Lá ninguém sequer apanha:
Cai das árvores tudo o que se quer!
Basta abrir a boca para comer
E, farto, silenciar a voz da entranha.
Famélicos a veem na inanição,
Quando a mente esvaziada pela espera
Logra espantar a morte em tal quimera...
Ledo engano... Vem a morte então
Quase doce no gosto d'estas frutas.
De facto, autofagias absolutas...
Betim – 16 09 2007
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.