Beatriz está furiosa! A sua chefe pede-lhe para acabar um trabalho urgente antes de sair Beatriz é uma pessoa muito metódica, tem todo o seu tempo controlado. Precisamente naquele dia tinha que sair a horas, porque era voluntária numa associação. Conheceu-a através de uma amiga e fez um pequeno curso para se inteirar como tudo funcionava. Dedica dois dias por semana: num fica nas tarefas laborais, no outro faz o turno da noite, distribuindo o jantar pelas ruas da cidade. Conhece muitos voluntários, a maior parte jovens como ela. Beatriz falara com algumas amigas sobre a importância do voluntariado, umas aderiram, outras desculparam-se com a falta de tempo. Explica que quando não se tem disponibilidade se pode sempre contribuir com roupas, alimentos, donativos etc. Por fim Beatriz sai do escritório. Dirigir-se para o carro e parte já bastante atrasada. Normalmente leva 45 minutos para chegar, se não apanhar trânsito. Antes de tudo entra no café habitual, pede um sumo e uma sandes, é o seu jantar. Quando chega, os colegas fazem-lhe uma vénia, simpatizaram com ela desde o primeiro momento. Sempre é difícil fazer o turno da noite, encarando aqueles rostos sofredores mergulhados no vazio da solidão, ansiosos por uma comida quente, roupa e sobretudo por uma palavra amiga. De crianças a idosos, são todos iguais, não existem classes sociais. Apenas um cordão umbilical de sonhos e desilusões. Beatriz tem um sonho : gostava de ser missionária. Chega a casa por volta da meia -noite, exausta, mas feliz. Faz a sua higiene pessoal e bebe um copo de leite. Enquanto se deita pensa: que maravilhoso é contribuir para a felicidade de algumas pessoas, nem que seja por escassos momentos. Muito gratificante, ajuda-nos a crescer e a encarar o lado cruel da vida. Beatriz adormece com um sorriso nos lábios.
" Sejamos solidários dando um pouco de nós, é o despertar para amarmos o próximo".
Partilhar... um entrelaçar de almas.