Sou um corpo pesado um verme
Roubado do ventre de minha mãe
Presa nos pátios vazios da saudade
Os meus braços, as minhas mãos
São madeira repleta de vermes
Madeira das lajes dos mortos
Entre as flores de um descanso
No silêncio de um carvalho
Onde ninguém me pode ouvir
Rasgo a minha carne queimo
Os olhos para me sentir livre
Mordo a minha própria carne
Num mudo grito com os lábios
Costurados de dor, boca que
Mastigada satiricamente a carne
Madeira talhada com a sentença
Rasgando o meu coração com raiva
Madeira de uma laje no silêncio
Feita em madeira de um belo carvalho
Sente-se o cheiro forte do enxofre
De morte misturado com as frescas flores
É um cheiro muito amargo de saudade
Feitas com rendas antigas e seda selvagem.
Mia Rimofo