lembro-me tão nitidamente daquela noite desde o momento em que você abriu a porta e eu com passos lentos entrei havia um ar de encantamento em seus olhos profundos sua figura máscula, sua calca jeans o falar do seu corpo com o meu na energia da distancia havia um desejo camuflado em cada pequeno gesto
lembro-me tão nitidamente dos nossos assuntos bobos das risadas cristalinas do vinho vermelho brindado com nossas mãos atravessando a mesa e através da transparência das taças nossos olhos brilhando de desejo e aquele abajur no canto da sala fazia do seu rosto esboços entrecortados (ou seria o vinho subindo na cabeça tirando-me da realidade? )
Lembro-me tão nitidamente daquela musica estonteante que ecoava como pano de fundo e quando você levantou com seu corpo másculo e atraente andando pela sala descontraído de um modo irreverente aumentando o som da musica cantando e sorrindo como um menino (como meus olhos o amaram naquele instante desfolhando seu ser completamente)
lembro-me tão nitidamente de suas mãos mornas entrando em meu decote tocando meus seios arrepiados e frios do seu olhar pedinte quando deitou meu corpo naquele sofá florido de sua boca umida desenhando arrepios em todo o meu pescoço e meu ouvido do cheiro de sua colonia misturado com sua essência que parecia causar uma sensação fria em minhas costas fazendo-me fechar os olhos entreabrir os lábios para colher seus beijos de vinho
lembro-me tão nitidamente da entrega total e absoluta das roupas no chão, dos nossos corpos nus dos suspiros, dos sons abafados das palavras sussurradas em meu ouvido do amor gritando em forma de sentidos seus cabelos macios em minhas mãos e seus olhos fechados em pura entrega lá fora um tom de sonho no céu cor-de-anil e um calmo sentimento de certeza assolou-me tão nitidamente naquela inesquecível tarde de Abril