Era uma russa de corpo escultural,
dizem que trabalhou para a KGB,
decifrando o algoritmo infinitesimal,
fotografando rostos para um dossiê.
Teve tanto êxito entrosada no metiê,
quando foi transferida para a Turquia,
pena que se aposentou antes dos trinta
mesmo se queixando da vida sucinta,
que poderia ser quase tudo, menos vazia.
Diziam que usava óculos e cueca colorida,
de tanto ódio jamais aprendeu fazer crochê,
procurava um amor ideal para encher a vida,
mas era uma espiã e seu nome era Maitê.
Onde estaria o homem perfeito, seria você
o herói da espiã russa teria que ter valor;
sequer poderia roncar assistindo TV,
mais que tudo deveria ser um bom atirador.
Num stand improvisado no fundo do quintal
a espiã atirava em latas de caviar,
treinava para lidar com o marido ideal,
gemendo ao ouvir cada estampido soar
Juntos e alegras tomariam o café da manhã,
as granadas guardariam debaixo dos lençóis;
depois do jantar, o tremor de febre terçã,
mas as ferraduras ficariam nos urinóis.
A morada comum seria uma bela mansão,
também poderiam trabalhar com matemática,
dos arredores de Moscou teriam bela visão,
compilando juntinhos expressões idiomáticas.
O final da historia que foi meio sombrio,
não houve heróis para contarem o final,
depois de apagar com os dentes um pavio,
evitou varias vezes uma guerra mundial.
Livrou de explosivos o casco do navio a pique,
pisou numa mina terrestre em Moçambique.