Um som saiu
noite dentro
solitário
intranquilo…sibilando
entre sombras que sustentam
a afunilar de cada sentido
contagiando outros sonhos
se exilando no bailar do tempo
que se extingue sem sentido
Um som agora coloriu
um beijo saciado
tantos desejos saboreados
Um dia sabático virá
e nós então descansaremos
na eternidade saborosa
sitiada no silêncio consentido
ante o sacrifício suspirando
de queixumes extrovertidos
Soem as trombetas
anunciando o fluir da vida
satisfazendo a sofreguidão
sonora com que encarceramos
nossos gestos de felicidade
suturando todas as feridas
sangrando na lástima
de cada ausência pressentida
Até lá ausento-me dos
confortáveis sonhos
imaginando somente
como perfumar-te com
sândalo do dia que renasce
imutável
deixando o translúcido saiote
desta existência cobrir-te
com sortidos de beijos insaciáveis
E se a lua desligar o raiar do seu
majestoso e selvagem luar
aprontarei um naipe de
felizes substantivos iluminados
compilarei cada adjectivo
que sulcará todas as refracções
do teu ser
no modo verbal indicativo
ser, ou estar
agitando o meu coloquial segredo
de amor tão veemente
ter-te pra mim assim
quase que desesperadamente
FC