Pérolas das profundezas eternas,
não respondem ao anseio das rochas,
nem margaridas nascem nas cavernas,
sob bruxuleante luzir de parcas tochas.
Santuário de inóspita miragem súbita,
o cipreste verga ao vento tal virtuose,
talvez querendo me acordar abrupta,
num pedaço de céu aberto em close.
Anjos iniciam um bailado truculento,
servindo de palco as nuvens brancas,
quando o céu enraivecido e virulento,
rasga-se em emoções sem retrancas,
afugentando o luzir do luar perolado
desfazendo a decoração do sacrário,
convidando estranhos a morar ao lado,
sem reserva de domínio fiduciário.
De repente não há mais luz no palco,
só o tablado de gelo azul sob o cipreste,
deslocando o azimute do rumo do leste,
rangendo o pinho ao redor do catafalco.
De repente, há obuses esmagado nas mós,
é então tarde neste apagar dos faróis,
tarde no inverno, sem luzes, nem heróis,
lençóis de emoções apagadas em nós.