Da janela da minha casa
sobre uma rua sem nome,
vejo do Porto a Olhão,
gente que percorre
só para ver e buscar,
peixe fresco e outros alimentos
do mar.
Há gente qie procura
fugir da cidade movimentada,
e refúgio vêm encontrar.
Esta gente fica maravilhada,
como eu tão pequenina
me debruço da minha janela
só para o mar espreitar.
Há dias que nem gente vejo,
e ruas que nem consigo alcançar
é o que faz quando a nossa
casa é construída num barco
e andemos de mar em mar.
Da minha janela tento-me
pela manha, e o sol doirado
me acorda com um sorriso
nada mais eu preciso,
até me imagino sobre um longo prado.
Só me faz confusão, gente
que passa na minha rua sem nome
passa por vezes a correr
quando o vento lhe dá um empurrão.
Da minha janela as vezes,
ponho a cabeça de lado,
quero ver e sentir a brisa
que passa e fico todo molhada...
Cada onda sobe e desce, parecendo
que o mar está bravo...
Quando a terra firme chego,
sinto logo outro aconchego,
vejo agora gente que trabalha
não na cidade mas que tricota outra malha.
Fecho a minha janela,
digo bem alto:- Cheguei!
Já percorri meio mundo e outro
já imaginei.
<br />
Iolanda Neiva
(muitas vezes falo só para mim,
e escrevo para que alguém me ouça)