Aprendi amanhecer quando o sol põe-se a dormir,
só as horas de sombra aquieta-me a alma,
o relógio é comigo como fora o dia todo,
mas há todo um encanto em ser lua...
Na penumbra os ruídos respiram em silêncio,
consigo auscultar os mais envoltos pensamentos
e se assemelham a espelhos gretados
retinindo segredos à provocação do vento...
Apetece borrar de carmim desbotado a porcelana
que pouco me diz em horas de vaidade
se a beleza tão rara frui na solidão enganosa
em que se está só e de si bem acompanhada
Abstraída das maledicências para além da janela,
não dormi ainda, por hora sou senhora de mim
e tenho comigo a convicta sensação de que
não há nuvens que não se dissipe às estrelas...
honey.int.sp.23/07/2016