Saindo de casa bem cedinho
Me encontrei com uma senhora
Perguntei qual o nome dela
Me disse baixinho: Felicidade
Poderia ter te conhecido antes. Me disse
Não duvidei. Estava acordado
Na minha porta. Começando o dia
Tudo de bom. Tão simples assim
Pensei: tem que acreditar. Existe
Mas o que fiz por essa nova conhecida
Papo vai, papo vem: quis saber onde morava
Me disse morar debaixo de um viaduto
Onde eu passo todos os dias. Por cima
Não duvidei. E me questionei por nunca ter tomado um cafezinho com ela.
Curioso quis saber dos seus dias. Pais
Me disse que no seu quintal não tem tristeza
Que na sua casa não falta luz: não tem
Que sua cama não tem amor: é o amor
Que seus filhos são poucos: são todos
Perguntei sobre a morte e a dor
Me disse sorrindo ter um filho morto
Ainda mais: Que morreu por mim
Indaguei o que teria eu feito. Morrer por mim?
Perguntei a ela de novo: qual seu nome?
Sentiu se íntima e disse chamar Maria
Sorri e disse a ela: minha irmã. Vizinha
Maria silenciosamente linda e amiga
Não duvidei quando me disse devagar
Com palavras calmas e cheias de luz:
Sou Maria a mãe de quem acredita em Jesus.
Maria minha
Felicidade.
José Veríssimo
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