Plumas e pétalas fogem das pupilas,
Uma leve ave-flora de rapina
Escapa de meus olhos numa manhã fria,
Desatina a buscar-te, fera,
Pelas finas brumas
Sob as tundras sagradas onde tu te escondes.
O tempo me olha breve e me espera.
Meu olhar-quimera respira fundo e mergulha
Nas águas quentes dos teus espelhos de jasmim
E pelas belas orlas de tua pele presente.
Sinuosa serpente-flor,
Entrelaço-me em ti, fremente.
Indecorosa, vestida somente de aroma de rosa,
Abraço o teu corpo-mente.
Adentro-te como um beijo-brisa.
Como brasa, embrenhas-te em mim.
Em lençóis feitos de sementes de romã e alecrim,
Contigo voo a sós
Sobre um campo de girassóis.
O céu-atmosfera nos vê.
Contíguos, mel e veneno escorrem lentos
Dentro do tempo-templo de nós:
De ti e de mim,
E de nossos jardins repletos de cores e de sim...
O vento-luz nos ouve perplexo;
Consagra o profundo sussurro-reflexo
E sem querer o revela:
‘Amo-te sem fim!’