Esperança, amiga insegura;
Sentou-se fora do covil,
Para ver a mim e à ventura,
Como um ser egoísta, vil.
No seu temor, como foi má;
Entre os grilhões, dia sombrio,
Olhei para fora e a vi lá,
Sua face fez um desvio!
É vigia, falsa entretanto,
Mas na luta por paz cicia;
Como cantava no meu pranto,
Se a ouvisse, Ela emudecia.
Falsa e impiedosa, a Esperança;
Quando as alegrias rolaram,
Contrito, até o Pesar viu as lembranças,
Que ao meu redor se esparramaram.
Esperança, se sussurrasses,
Trarias alívio aos meus ais,
Ao Paraíso, voo alçaste,
Partiste, para nunca mais!
Emily Bronté (1818-1848), escritora e poetisa, autora de "O morro dos ventos uivantes".
Este poema foi traduzido por Renata Cordeiro.
Imagem do Filme "O morros dos ventos uivantes".