Hoje os meus olhos estão cansados,
procuram os teus olhos sem descanso
e, p'las ruas, entre silvas; entre nardos,
só se escuta o eco do meu pranto.
Os meus olhos, duas ruas sem destino,
ruas que não chegam a ser ruas,
estradas com buracos no caminho,
dores, solidões que não são tuas.
Tuas são as arrogâncias que te vestem,
as mentiras que declamas ao ouvido
daqueles que acreditam e te querem.
Tuas são as ilusões que ainda teces,
as palavras, bonitas, sem sentido,
que ora dizes, ora escreves, ora esqueces.
Richard Mary Bay
"o Último Romântico"