Poemas : 

Caos

 
Não havia a terra
nem o céu

Não havia opacidade
tão pouco a claridade

Não havia o canto primeiro
na realidade
de um sonho derradeiro

Não havia rumores
da última estrela caída
nos meus lábios

Havia somente
um Eu desintegrado
um fundo que me engolia
até à última cratera dos fundos

Ali, onde os náufragos se tocam
sem se culparem da ausência
que no limite do maior caos
ainda é um tempo de espera


ÔNIX "O Todo"
 
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ÔNIX
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Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 07/07/2016 17:55  Atualizado: 07/07/2016 17:56
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
 Re: Caos
Não havia “terra”, “opacidade” e “canto primeiro/na realidade”. Nem “céu”, “claridade” e “sonho derradeiro”.
E como o todo é feito de opostos; não havendo opostos, não existem, também, os meios-termos.
Porém, mesmo sem “rumor”, a estrela desce aos lábios que, por seu lado, libertam as palavras, os sons; sobrando um “Eu desintegrado”, engolido por um fundo fundo, lá onde quem se perde se encontra com os outros que se perderam, ficando nessa “ausência” que, mesmo sendo “do maior caos”, será sempre (ainda) “um tempo de espera”.
Gosto desta sonoridade, destas imagens, desta mensagem; de naufragar nos teus versos.