diga-me qualquer coisa o meu querer é a tua voz rouca a que te desperto no meu invento nos sussurros que te faz indecifrável
sejas, ainda que eu não saiba, o meu mistério apenas para que eu saiba para que eu ainda saiba o quanto ainda tu me queres
possa ouvir no teu leve respirar o silêncio que revela no meu olhar onde no teu corpo em que invento tudo em tua volta se adormece
faça nascer o teu corpo secreto porque nele tudo me renasce nas tuas sonolentas carícias como te furtasse, eu me entrego
sorrateiramente te construo na liberdade dos lábios amantes o instante no meu coração ainda pulsa na tua primeira nudez em meu peito
e com o desejo inquieto procuro na distância do teu repouso percorro os beijos mudos sobre a tua pele e estremeço ao te esculpir com as mãos
ah! minha desamparada alma se embriaga no teu voo da pluma no sabor que alimenta o meu desejo nos lábios em que te doas embebida
não quero a morte, não quero nada somente respirar-te à exaustão encontrar-me nos lábios do teu ventre e ser tudo que te leve ao breve instante
sou de tudo nos limites do teu corpo no entrelaçar teus dedos em meus cabelos no comprimir meu beijo entre tuas ancas tu és o que me faz renascer das cinzas
por isso te toco e me faço súbito no impossível esquecer o teu ardor gravastes na memória o teu gozo no infinito sopro do meu tempo
por isso te conspiro e me exausto nos teus gestos que me embriagam eu te escuto no ar que se desprende na última gota que recolhes no suspiro
em mim desvendas os segredos da tua carne sou o humilde desejo que beija os teus pés és, em teu corpo, quem me recebe por inteiro pouso em teu peito o nascer como quem ama
e colorimos no céu o sentido das cores nasce em ti o poente entre os teus seios para que eu seja o teu desejo de noite quando se molhas na transparência da água
sei do agora porque te criei em tantas palavras não era simplesmente por uma noite de insônia eram as lágrimas que vertiam do teu olhar reveladas pela tua face no instante do gozo
elas ainda molham as mil folhas do meu imaginário as mil folhas do meu imaginário