a planície abre-se em manso estar
no deambular das horas das papoilas
na vagarosa brandura do trigo o restolhar
em grande plano o sol a pique
tinge de amarelo os dias inocentes
e a paisagem pintada no recato do olhar
ergue-se em raízes no meio do vento
abre-se na planície recortada pela noite
o desabrochar da flor em mel
e sob as folhas da azinheira
acordam as cigarras do sono fiel
em contemplo da terra perfumada
de segredos e mistérios enluarados
embala-se a cal que escuta a parede
onde amor brasio desp`amados
nas rodas dos vestidos nascem
seduções no fôlego de um cantar
monotonamente inebriado de saber
ecoa entre louros favos um brilhar
vagarosas as horas aram a paisagem
adubando com candura da existência
de silêncio prenhe a terra d'ourada
semeia na alma o solo da essência
a planície em floração de alfazema
desprende roxas pétalas de saudade
para no pôr de sol alaranjado oferecer
a ternura do amanhecer à bela amada
com a profundeza da planície na palavra
a paisagem n`olhar em companhia risonha
avança em sonho nas asas d`uma cegonha
Texto escrito e dedicado ao Luís Santos em 10.08.2015.
Comentaste, como sempre, com elegância, sapiência, expressividade e encorajamento: "Zita, obrigado por essa 'passa' de bucolismo. eu curti a alturas que nem sequer meço. parabéns"
https://www.youtube.com/watch?v=mgYZJSzUrrg
Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=297571 © Luso-Poemas
Zita Viegas
Luís, para sempre te recordaremos com estima e carinho.